UM FENÔMENO CHAMADO KLASH




Foto de Braima Darame.Klash novo ícone da música moderna guineense? 
Deixo a resposta para os especialistas da área. Certo é que o rapper ficou na fotografia como símbolo da revolução para a afirmação da nossa diversidade cultural, especialmente no panorama musical. 

Klash quebrou todas as barreiras e mesquinhez para impor o seu Sem Limites e mostrar que é possível realizar um sonho na base de trabalho com qualidade e bem pensado. A atual estrela da música guineense não será lembrado pela ousadia de chamar ao maior Estádio de Futebol do país, milhares e milhares de fãs, para um concerto meramente Hip-Hop, mas sim, Klash certamente ficará como um símbolo da persistência e inovação no mundo da música. Se até à data da realização do seu concerto, os músicos nacionais, por iniciativas próprias, faziam shows apenas no Lenox ou Hotéis, a partir de agora o jovem "Sem Limites" lançou um novo desafio aos colegas. Um desafio maior, de sonhar muito mais alto e andar com os próprios pés, ao invés de ficarem estáticos a criticar os promotores culturais pelas escolhas que fazem para eventos no estádio. Incansavelmente luta pela afirmação do rap guineense em todo mundo e começa a superar obstáculos em casa. 

O jovem licenciado na Rússia, apreendeu com os erros do percurso quando lançou o seu primeiro álbum. Antes de editar o segundo, Sem Limites, teve o cuidado de elaborar um projecto sobre o disco, que fez chegar a grandes empresas e individualidades com certo poder financeiro na nossa praça. O documento credível e bem concebido teve uma boa aceitação. Foi ao Estrangeiro apreender como se faz para superar o seu próprio Sem Limites com muita qualidade. Ou seja, o rapper fez um cuidadoso estudo de viabilidade para depois, atacar o álbum com letras que qualquer guineense se identifica rapidamente. 

Quando o disco chegou ao mercado, não precisou de promoção adicional. O resultado do trabalho é demonstrativo do facto, pois conquistou o pódio rapidamente. A maioria dos jovens memorizou todas as músicas nos seus telemóveis. 

Movido pelo título do disco “Sem Limites”, Klash lança-se para um concerto inédito no Estádio de 24 de Setembro. Muitos não acreditavam que seria possível assistir a um carnaval fora de época no estádio. Não há números oficiais dos fãs, mas a imprensa nacional fala em perto de 40 mil. Nunca na história dos concertos, um músico nacional da nova geração conseguiu lotar por completo o Estádio, até ao ponto de impossibilitar a circulação nas imediações. As forças de segurança foram manifestamente poucas para garantir a ordem. Foram simplesmente derrotadas por multidões. A organização do evento perdeu o controle da situação que acabou por descambar. 

Sem grandes condições de segurança, Klash decidiu fazer a festa com os irmãos guineenses. O evento teve convidados especiais que vieram da Angola, a Força Suprema. Foi incrível a moldura humana fora e dentro do estádio. Um 24 de Setembro completamente lotado, como se tratasse de um jogo decisivo da seleção nacional de futebol. Aliás, a imagem correu o mundo ao ponto de ser deturpada em Angola. 

Dias depois, nos bairros de Bissau só se falava do Klash, novo prodígio guineense. Atualmente, o músico, seguindo a sua própria agenda, encontra-se em Portugal a fim de divulgar o disco. 

Por essa via, provavelmente Klash será uma das principais referências da música da Guiné-Bissau. Uma estrela que vai brilhar para espalhar a magia de um povo que merece.

Respect, Klash B RG
Braima Darame
16.02.2018