Existem muitas questões que podem ser pensadas de maneira mais profunda.
Ao analisar a discussão sobre a manipulação da nossa identidade cultural, o peso do evangelho na cultura da religiosa africana guineense.
Gostaria de afirmar, que os primeiros grupo dos europeus a chegarem ao país, não há razão de se duvidar que os nativos foram ameaçados quanto à sua devoção aos deuses que cultuam pelos evangélicos.
Para tentar entender a formação do povo guineense necessita-se voltar o olhar sobre a nossa história, buscando desvelar os caminhos que percorreram nossos ancestrais Banhum e civilização Nok, e etnias básicas de nossa formação étnica e cultural.
Uma das matrizes étnicas do povo guineense é o Banhun. A civilização Nok eram, na maioria, nomadas e, na busca de locais ecológicos favoráveis, migravam constantemente.
À beira mar dominavam os povos do tronco linguístico Banhun, que se expandiam até o território hoje chamado Guiné-Bissau.
Embora divididos em distintas nações, falavam línguas do mesmo tronco. Suas tribos atingiam, no máximo, três mil pessoas e na medida em que cresciam, seus núcleos populacionais bipartiam-se, formando um novo povo. Acredita-se que, se esses povos tivessem usufruído alguns séculos mais de liberdade e autonomia, possivelmente viessem a uniformizar-se culturalmente, vindo a formar uma nação poderosa Império de Kaabu.
Sei que não facil reconstruir esse processo historico, más, é importante pensarmos a nossa historia.
Uma vez que só dispomos do testemunho de o invasor. É o português que relata o que sucedeu com o homem guineense, sem possibilidade de os dominados registar suas falas próprias na historiografia desse território. Daí ser necessário lermos de uma forma crítica a versão do dominador para se tentar alcançar e abarcar a compreensão dessa aventura.
O fato de os nativos organizarem-se de forma étnica, e de pertencerem dois grandes troncos: Banhun e Tanda, deve ter sido o fator que impediu que se unissem contra os invasores, o que facilitou a sua quase completa destruição pelos brancos.
É difícil para nós, intelectualmente, repensar o desencanto que se deu entre essas culturas e o seu real significado. Os povos originários vivendo singelamente em um mundo dadivoso, sem culpas. Os recém-chegados eram gente prática, sofrida, ciente de suas culpas e pecados, predispostos à virtude com a noção de perdição eterna. Os nativos nada sabiam disso. Aos olhos europeus eram povos vadios, vivendo uma vida inútil, já que nada produziam. O europeu, a essa época, via a vida como uma tarefa, uma obrigação sofrida e subordinada ao lucro e ao domínio de terras e de suas gentes. E, dessa forma, impondo uma cultura pela força, dunu di tchon kunsa sinti gustu di fel.
É importante sinalizar o papel, embora involuntário, que a mulher guineense desempenhou como geratriz de novo povo. Exploradas sexualmente, geraram toda uma prole mestiça que viria a ser mais tarde os de Cabo Verde.
Essa minha pequena CONTRIBUIÇÃO é um convite para mergulhar na história para respondermos a pergunta! Quem Somos? Donde Viemos? Quanto Somos?
Muito obrigado!
Bissau:02/11/2018
Hora:03:40
ZECA CÁ