Um Governo mitigado

Por : Ricardo Rosa
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"É verdade que não foi fácil, foi muito difícil num espaço de 48 horas poder concretizar este sonho que é o sonho realmente de todos os guineenses. (...) Novos membros do Governo, a missão que vos espera não será uma missão fácil, o país tem muitos problemas, há muitos desafios. Eu coloco-me à vossa disposição. Tudo que eu possa contribuir para o sucesso desse Governo, porque não é o governo de A, de B, ou de C, é o Governo da Guiné-Bissau, do povo da Guiné-Bissau, é o Governo da República de modo que estamos prontos a arregaçar as mangas e a ajudar este Executivo para tenha sucesso, porque o sucesso é do povo." Presidente José Mário Vaz (Fonte: Lusa)
Parabenizando os novos membros do elenco governamental na certeza que o desafio é enorme e, para se alcançar bons resultados, muita determinação é necessária, foco "na kumpu terra". Fico particularmente feliz por ver muita juventude no Governo, sinal que a maturidade política já começa a ser sentida. A cereja, são as nossas mulheres, que pela sua tenaz entrega à causa Nacional com a responsabilidade de quem pensa o país de forma objectiva e pragmática, fruto do cansaço das vicissitudes sociais, fazem parte por mérito próprio.
Se se analisar o histórico, pode-se constatar que não houve em toda a nossa jovem democracia um Governo como este. Uma combinação real do passado, do presente e do futuro. O início de uma mudança de paradigma político com reflexos imediatos no social. Um elenco que revolucionou toda a lógica do nosso sistema de formação de governos. Dezassete novos membros. É obra. Espera-se que na organização administrativa e financeira do Estado a mesma tendência se verifique.
Das declarações do Presidente José Mário Vaz na cerimónia de tomada de posse dos novos membros desta X Legislatura, apenas me ocorreu um pensamento. Aquando do primeiro Governo da Legislatura anterior, em 2014, com projecção de quatro anos, demarcou-se ilustrando que não era o Governo desejado, não o “seu”. Mas enfim. Hoje, com um horizonte quiçá de dois meses, em função das opções políticas, ilustra um Governo saído de um sonho colectivo. Autêntico “matrix”. Haja simplesmente paciência para aturar tanta incoerência.
É verdade que este Governo não é de A, B, ou de C, até porque sabe-se que o Governo é da responsabilidade política do PAIGC, apesar de se reflectir na coligação de base alargada, APU-PDGB, UM, PND, PCD, PUN e MP. E, solidariamente, serão responsabilizados politicamente em fórum próprio quando for o momento certo. Daqui a quatro anos, pois, deseja-se, simplesmente, estabilidade governativa.
A oposição, MADEM-G15 e PRS, na Assembleia Nacional Popular, deve apresentar-se vigilante e crítico construtivo, e não como permanente obstáculo à governação. É hora de cada um arregaçar as mangas e ajudar na reestruturação transversal da nossa querida Guiné, começando precisamente por essa magna Casa do Povo. Que o OGE e o Programa do Governo sejam objecto de efectivas apreciações e observações, tendo como foco o país, o seu desenvolvimento.
Não podia deixar de enaltecer e felicitar o papel do partido vencedor das eleições legislativas, o PAIGC, que, pese embora a situação gerada pelo Presidente da República em não respeitar o voto do cidadão eleitor, soube colocar os interesses nacionais acima de tudo, viabilizando esta situação que hoje, maioritariamente, todos congratulam. E com isto, não se pode deixar de se estender este reconhecimento, a todos aqueles que conjuntamente trabalharam para possibilitar esta presente situação de governabilidade. Portanto, deseja-se uma contínua sã articulação de acções, no parlamento, sem deixar perder o foco na trilogia “estabilidade governativa, desenvolvimento país e respeito das Leis”.
Que o mal dizer "só para aquecer" não seja parte do roteiro de nenhum político como também do próprio cidadão comum. Um novo ciclo se abre e é verificável na forma como se tem encarado a política. Ainda, apresenta-se mais do que nunca, a oportunidade de se criarem condições para reformas profundas neste caduco sistema do Estado, que garanta uma maior e melhor protecção do cidadão, das imprecisões avulsas e a saldo.
Um bem haja para todos os amantes da paz e da democracia!
Ricardo Rosa, 05 Julho 2019