UNTG acusa Governo de "esbanjamento de fundos públicos"


O secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG), Júlio Mendonça, acusou hoje o Governo de "esbanjamento de fundos públicos" através de compra "de carros novos" ao invés, disse, de aumentar o salário aos funcionários.

De acordo com o líder daquela que é a maior central sindical na Guiné-Bissau, o Governo prepara-se para mandar comprar viaturas para ministros e secretários de Estado, num valor de 270 milhões de francos CFA (cerca de 411 mil euros) e ainda ter gasto, em três meses de governação, cerca de 300 milhões de francos CFA (cerca de 458 mil euros) "só em viagens".

Júlio Mendonça indicou que a previsão do Governo, elaborado no Comité de Tesouraria Nacional (onde são planeadas as despesas do Estado por cada mês) era que as viagens iam custar "apenas 90 milhões" por cada mês (cerca de 137 mil euros).

Mendonça disse ter tido acessos aos dados que indicam "esbanjamento de fundos públicos" a partir da representante da UNTG no Comité de Tesouraria Nacional.

"O governo anda a dizer-nos que a prioridade é realizar eleições, mas quer comprar carros para ministros", observou o sindicalista que questiona ainda o Governo sobre se esse dinheiro não podia servir melhor na compra de equipamentos para os hospitais.

O secretário-geral da UNTG acusa o primeiro-ministro, Aristides Gomes de "incoerência", quando aquele considera impossível proceder aos ajustes dos salários dos funcionários públicos.

Júlio Mendonça afirma que as greves na Função Pública não vão parar enquanto o Governo não proceder aos ajustes salariais, subindo o ordenado mínimo nacional de 28 mil francos CFA (42 euros) para 50 mil (76 euros).

Para o sindicalista a Guiné-Bissau só terá estabilidade política também quando o poder político proceder "uma boa distribuição da riqueza nacional".

"Não são as eleições que vão resolver esta instabilidade cíclica", defendeu Júlio Mendonça. A Função Pública guineense observa hoje o segundo de oito dias de greve geral, decretada pela UNTG, a sétima nos últimos dois meses, para, entre outros, exigir ajustes salariais dos funcionários.